A 15ª edição da Agrovino teve início nesta terça-feira, 10 de janeiro,
com palestras técnicas que abordaram os
temas “Atualização sobre os casos de sarna e piolheira ovina no Rio Grande do
Sul”, com a médica veterinária e fiscal estadual agropecuária, Marcela Bicca
Bragança Corrêa, e “A importância do controle de sarna e piolheira ovina”, com o médico veterinário e fiscal estadual
agropecuário, Paulo Francisco Pereira de Andrade.
O evento é organizado pela Associação Bageense de Criadores de Ovinos
(Abaco) e Associação e Sindicato Rural de Bagé. O presidente da Arco, Gustavo
Velloso, abriu a programação agradecendo a todos os envolvidos no evento e
salientou a participação de animais de quatro Estados do país e a presença de
86 expositores de 52 municípios.
Marcela, a primeira palestrante da noite, iniciou a sua fala
apresentando dados atualizados sobre os casos de sarna e piolheira ovina e os
resultados obtidos com o trabalho desenvolvido pela Inspetoria de Defesa
Agropecuária. Lembrou que este trabalho é sempre pautado no que é preconizado
no Programa Estadual de Sanidade dos Ovinos (Proeso), assim como na recente
ordem de serviço que traz Metas de Vigilância Ativa para visitação em
propriedades e inspeções do rebanho Ovino. “Isso se tornou necessário pelo
aumento de casos dessas enfermidades, principalmente nos municípios de
Fronteira, onde tem o maior número de ovinos”, explicou.
No período de agosto a dezembro de 2022, foram visitadas 1252
propriedades com ovinos, sendo que em 1075 não foram verificados sinais
clínicos compatíveis com sarna ou piolheira ovina. “Já em 118, ou seja, 9,4%,
das propriedades visitadas foram encontrados sinais compatíveis com piolheira
ovina, o que é um dado bastante relevante. A sarna foi encontrada em 51
propriedades e também registrou um forte incremento no número de focos
registrados”, informou a especialista, alertando tratar-se de um agravante em
se tratando de sanidade de rebanhos porque são doenças endêmicas no Estado, mas
que estão acontecendo com uma maior frequência.
Marcela salientou que como resultado dessas inspeções da Vigilância
Ativa, 116 propriedades foram interditadas e produtores de outras 144 receberam
orientação para início imediato do tratamento. Segundo ela, uma ação “muito
importante”, foi a realização de atividades educativas em 873 propriedades.
“Nós chamamos as pessoas responsáveis pelo rebanho e explicamos o trabalho que
estamos realizando no local”, destacou, colocando que esta parte da atividade
educativa é bastante importante neste processo.
A falta de notificação para a sarna também foi ressaltada pela médica
veterinária. Disse que isto acarreta um grande prejuízo ao produtor. “Existem
várias formas de fazer a notificação. Pode ser pela plataforma do Ministério da
Agricultura, E-Sisbravet, denúncia pelo whatsapp (51) 98445-2033 ou pelo e-mail
notifica@agricultura.rs.gov.br e também pelo contato direto com a unidade local
da Inspetoria de Defesa Agropecuária”, informou Marcela.
Na sequência, o médico veterinário Paulo abordou a importância em
controlar essas duas enfermidades parasitárias para a questão do bem estar
animal e também para fatores econômicos. “No caso da sarna, o animal tenta se
coçar o tempo todo e acaba também tendo infecções secundárias. Além disso, pode
ocorrer uma perda de até 30% do velo,
assim como deterioração da qualidade, menor reprodução e perda de peso”,
observou.
Paulo salientou, ainda, a questão da responsabilidade compartilhada
entre governo, indústria e produtor em notificar a ocorrência de focos dessas
enfermidades. “A saúde animal é um compromisso de todos. Portanto, é
imprescindível a notificação de suspeita imediatamente após a observação de
qualquer sinal clínico no rebanho”, ressaltou.
Em suas considerações finais, o especialista alertou para a necessidade
de ter mão de obra em quantidade e qualidade para garantir a correta execução
dos tratamentos. “Este é um problema grave. Em 90% das propriedades não tem
pessoas para trabalhar”, informou, colocando que deve haver também uma
conscientização de todos os elos da cadeia sobre a questão da educação
sanitária. Na parte de medicamentos, Paulo falou sobre a necessidade de aprovação
de produtos antissárnicos comprovadamente eficientes e inócuos para a espécie
ovina e com indicação de dosagem específica.
Na sequência, a superintendente do Serviço de Registro Genealógico de
Ovinos da Associação Brasileira de Criadores de Ovinos (Arco), a médica
veterinária Magali Moura, falou sobre a o papel da entidade e do serviço de
registro na propriedade. Inicialmente, falou sobre a fundação da entidade, em
1942. Explicou que a Arco faz o registro genealógico de 27 raças em todo o
Brasil. "Temos um papel importante na seleção e aprimoramento. Investimos
em tecnologia dentro da entidade e temos convênios importantes com
instituições", destacou.
Atualmente, a Arco conta com 107 técnicos em todo o Brasil. Magali
explicou que o registro genealógico e nele consta todas as informações passadas
pelos criadores. "Controlamos todas as informações de dentro do criatório
além do controle do padrão racial de todas as raças", explicou. Além
disso, a superintendente reforçou que também auxilia nos programas de
melhoramento genético, no qual se conta atualmente com dois.
A 15ª edição da Agrovino conta com o apoio da Emater/RS, Associação
Brasileira dos Criadores de Ovinos (Arco), Embrapa e Prefeitura Municipal de
Bagé além do patrocínio de Banrisul, Senar/RS, Hipra, Sicredi, Paramount,
TTerrasul, Rede Conesul, Secretaria Estadual da Agricultura e Governo do
Estado, por meio do Fundovinos.
Foto: Lorena Garcia/Arco/Divulgação
Texto: Rejane Costa e Nestor Tipa
Júnior/AgroEffective