25. Crioula


Origem

A Ovelha Crioula é considerada uma raça local, com origem dos rebanhos introduzidos pelos jesuítas no Rio Grande do Sul, durante o século XVII e do cruzamento com outras raças importadas a partir da colonização portuguesa, estudos conduzidos na Embrapa Pecuária Sul revelam parentesco desses ovinos, com a raça hispânica Lacha, além de Romney Marsh e Corriedale.
Assim, a ascendência da Ovelha Crioula teria como antecessor mais remoto Urial ou Carneiro selvagem do sudoeste asiático, que originou um ovino primitivo (Ovis aries palutris), o qual se estendeu pela Europa e Oriente Médio, dando origem ao Ovis aries pirenaicus, ancestral direto da raça Lacha.
A Ovelha Crioula está classificada como raça rara e conserva traços dos ovinos primitivos que lhe deram origem, em 1982 começou a ser preservada pela Embrapa Pecuária Sul, em Bagé-RS, sendo identificadas quatro variedades dessa raça: a Fronteira (localizada ao sul do estado do Rio Grande do Sul), a Serrana ou Crioula Preta (localizada no nordeste gaúcho e planalto catarinense), a Crioula Zebura ou Ovelha de Presépio (localizada no sul do Paraná) e a Crioula Comum ou Ovelha Ordinária (localizada acima do Paraná).
Atualmente, todas as variedades podem também ser encontradas nos Estado de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Acre, Goiás, São Paulo e Minas Gerais, ainda sendo notável que a Ovelha Crioula representa uma enorme importância social nas comunidades onde outros animais da espécie não sobrevivem e contribui para a manutenção do homem no campo.


Aspecto Geral

A Ovelha crioula tem como características a cara e as extremidades descobertas, tendo seu velo formado por mechas de aspecto cônico e de coloração variando do branco ao preto (incluindo tons intermediários).
O velo se abre na linha dorso-lombar caindo lateralmente ao corpo (como uma capa), o que contrasta com a escassa cobertura ventral, além de possuir um tamanho médio, quando comparada às demais raças ovinas brasileiras, são considerados animais ativos com acentuado comportamento gregário e aguçado instinto de defesa, porém são de fácil manejo.


Adaptação

É rústica e sóbria, adaptando-se a diferentes condições de clima, solo e vegetação, sobressaindo-se na espécie quanto à resistência a endoparasitas e problemas podais, quando em condições adversas.


Reprodução

Apresentam puberdade precoce, borregas aos sete meses e borregos a partir dos quatro meses (em condições naturais de criação), geralmente o número de cordeiros desmamados é alto, devido ao elevado vigor destes e habilidade materna, destacando-se ainda pela longevidade.


Cabeça

Tamanho proporcional ao corpo, longilínea, de perfil reto ou semi-convexo (sendo este mais acentuado nos machos), o espaço inter-fossas nasais, lábios e conjuntivas é parcial ou totalmente pigmentado (sendo raramente despigmentados), frequentemente nos machos se observa um acúmulo de gordura de reserva na nuca.
As orelhas podem ser pequenas e inseridas horizontalmente, de tamanho mediano e ligeira inclinação ou grandes e pendentes (conforme sua origem), pode ser aspada ou mocha. O macho, quando aspado, apresenta um par de chifres de secção triangular, que se abre lateralmente à face, já quando ocorre existência de um par (policerismo), os quais são todos de secção cilíndrica, o superior apresenta-se ereto e, o inferior curvado em direção à face. As fêmeas, quando aspadas, apresentam chifres de tamanho relativamente menor, de um modo geral os chifres podem ser pigmentados ou não, rugosos ou lisos.
Os animais desprovidos de chifres podem apresentar topete, formado por mechas longas que cobrem os olhos e o chanfro, a face é coberta por pelos lustrosos, de variada coloração e os olhos são de aspecto vivo, podendo possuir a pálpebra superior partida.


Pescoço

Delgado, cilíndrico, de tamanho proporcional ao corpo, sendo inserido em posição baixa em relação às cruzes e mantendo a cabeça elevada em relação à linha de lombo.


Tronco

Peito estreito e deprimido, o corpo é mais desenvolvido na parte posterior e estreito na região das paletas, a linha dorso é lombar reta, com ligeira inclinação em direção às cruzes, algo saliente, apresenta garupa curta, com pouca inclinação e geralmente angulosa.


Membros

Bem aprumados, delgados, porém fortes, os cascos podendo ser escuros ou claros, os posteriores podem ter algo fechado e coberto por lanilha até a quartela.
Existe uma variedade enorme de tons dos pelos que revestem os membros, desde uma coloração uniforme (branca, preta, castanha ou ocre), até manchas e pintas diversas, sendo comum nos animais de tons escuros uma cinta branca em um ou mais membros.


Cauda

Delgada, permitindo a palpação das vértebras, mesmo quando gorda.


Escroto

Tamanho discreto, com perímetro variando de 20 a 26 cm para borregos e em torno de 35 cm para carneiros.


Mamas

Bem desenvolvidas, podendo ocorrer mamilos suplementares.


Velo

Pode ser formado por dois tipos de fibras. Um tipo constituído por mechas cônicas e longas, com pouca densidade e diâmetro muito variável, lisas ou discretamente onduladas. Já junto à pele pode ocorrer uma camada de lã composta de fibras mais finas e curtas, com muitas ondulações irregulares, também denominada nalilha.
É de toque que varia de áspero a modernamente suave, sendo pobre em suarda e leve (1,2 a 2,5 kg), a cor pode variar do branco ao preto incluindo diversos tons intermediários, como por exemplo, amarelo, cinza, marrom, ocre e grisalho, e todas combinações possíveis. Independentemente da cor pode apresentar-se manchado, com bandas diferentes na mecha (aguti), os cordeiros geralmente apresentam a lã encaracolada e garreio, o que deve desaparecer após a primeira tosquia quando a cor da lã deste também pode mudar.


Aptidões

- Produção de lã para artesanato e tapeçaria industrial (carpet wool).
- Carne magra, com maciez e sabor diferenciados.
- Pele de qualidade industrial superior, no que tange à resistência e suavidade.
- Pelegos com demanda popular, devido à variedade natural de cores e acentuado comprimento de mecha.


Defeitos

- Desvios de coluna (cifose, lordose e escoliose).
- Malformações mandibulares (prognatismo, retrognatismo, agnatismo e desvio lateral).
- Perfil ultra convexo.
- Defeitos genitais (criptorquidia, hipoplasia, monorquidismo e assimetria testicular).
- Garupa muito inclinada.
- Cauda larga.
- Excesso de cobertura de lã na face e nos membros dianteiros.
- Desuniformidade acentuada de finura de lã entre as diferentes partes do corpo.

Voltar